domingo, 18 de setembro de 2011

Tempo de memória

MEMÓRIA NO TEMPO

 
Tempo de memória, de relógio de areia a esvair-se, mas,
há memórias no Tempo, que nunca são esquecidas.
Tempo, que não passa, no tempo, é Tempo de saudade,
Tempo que permanece, que nos alimenta e acarinha.
Nós somos o Tempo e ele, o oxigénio da vida.
Tempo da infância, da adolescência e do adulto
muito Tempo se passou, e eu aqui…
Recordando, os Tempos bons e menos bons
Tempo de esposa, amada e menos amada,
Tempo de luz, de filha de mãe e de avó.
Não há Tempo a perder, simplesmente a não esquecer…
Quero, que o Tempo não passe, no Tempo da minha memória,
Quero o presente, o passado e o agora.
Quero a ilha, o mar azul e o basalto.
Sem eles, perco-me no Tempo.
A âmbula parte-se, a areia simplesmente esvai-se,
eu, já não serei eu, não haverá memória no Tempo
G. Magar



 

Exposição de fotografia " As minhas Memórias"

AS MINHAS MEMÓRIAS

Empresta-me as tuas memórias. Esqueci as minhas, no virar da vida, entre o tempo e o nada, num (quase) silêncio de quem já fui.
Conta-me de ti e do amor que te tinha. Acende os meus olhos com a luz dos teus e faz-me lembrar do tempo em que éramos felizes e estávamos juntos e eu te falava da vida e do futuro e do sol que acorda a esperança em cada manhã.
Aperta-me a mão. Dá-lhe, de novo, a vontade de te acariciar o rosto, como se o teu rosto fosse o meu ninho, a coragem de limpar as tuas lágrimas, a habilidade de voltar a enfeitar de flores a tua mesa. Fala-me de do que as minhas mãos sabiam fazer, antes de me perder de mim. Explica-me como nos aconchegávamos no nosso abraço e nos deixávamos levar a galope no bater do nosso coração.
Empresta-me as tuas memórias, meu amor. Diz o meu nome baixinho. Chama-me, outra vez, mãe, pai, amigo, companheira. Mostra-me o mapa de nós. Pode ser que assim…
Constrói comigo a nossa casa, aquela onde fomos nós, na abrangência do que éramos, corpo, espírito, vontade, futuro. Escreve comigo o dia de ontem, a hora que acabou, o poema que não revimos, o romance que não terminámos, o livro que ficou marcado numa página do meio. 
Toca a música daquele dia (qualquer um dos nossos dias), como se isso fosse o último canto dos pássaros. Traz-me a tua voz. Preciso dela para me ouvir. Há-de chegar; eu sei que há-de chegar.
Traz-me a mim. Lembra-me o nome que a minha mãe me deu. Lembra-me a forma dos sorrisos e dos sentires. Lembra-me de nós. E não me deixes cair na tentação de te esquecer.
Abraça-me. Só um bocadinho. Diz-me que me amas, mesmo assim.
Não me lembro do teu nome. Mas nunca, nunca me deixes esquecer que moras dentro de mim.
A minha memória és tu.
                                                                                               Graça Alves, 2011

TEMPO DE MEMÓRIA

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011